Hoje, mais do que nunca, sabemos que a primeira infância – que corresponde ao período desde o nascimento até aos 6 anos de idade - é crucial e decisivo ao desenvolvimento de qualquer criança.
Relativamente a esta fase, são vários os estudos que demonstram que a evolução do cérebro acontece a um ritmo incrível, com o estabelecimento de cerca de 1 milhão de conexões neuronais por segundo. Todas estas conexões são a base das estruturas cerebrais que tanto contribuem para um processo de desenvolvimento e aprendizagem. Trata-se efetivamente de um período importantíssimo, pautado por uma velocidade verdadeiramente única, distinta de qualquer outra altura de vida.
Este “boom” de crescimento nos primeiros anos de vida, que acontece à velocidade da luz, é denominado de plasticidade cerebral. Significa isto que o cérebro da criança se encontra mais predisposto à realização de aprendizagens, quando verdadeiramente estimulado, sobretudo, com o conteúdo que está presente nos contextos naturais da criança, ou seja, locais onde a criança despende muito do seu tempo. Os fatores de origem biológica, interferem naturalmente neste processo, mas o estímulo contextual revela-se igualmente preponderante. Um exemplo desta predisposição é a capacidade incrível de crianças oriundas de famílias bilingues, aprenderem mais do que uma língua em idades precoces, algo bem mais difícil em idades posteriores.
Quanto mais precocemente a criança for estimulada, maior será a probabilidade de responder positivamente e, naturalmente, melhor será a aquisição de capacidades que permitirão aprendizagens sólidas e significativas.
Aliado a isto, uma avaliação especializada, e claro existindo a necessidade e caso justifique, de caráter multidisciplinar, mostra-se o ingrediente fundamental para clarificar, tranquilizar e criar caminhos que possam ir de encontro às necessidades reais da criança. Tudo isto incluído nos seus contextos naturais (casa, creche, escola) bem como, e igualmente importante, integrar os principais intervenientes ativos (pais, educadores, professores). Acreditar na criança e capacitar a família e respetivos participantes deverá ser sempre um objetivo central.
Esperar e dar tempo pode significar, em alguns casos, atrasar o desenvolvimento e prejudicar trajetórias com potencial de evolução.
Portanto, a chave para caminhos de maior sucesso e melhor é a premissa de que quanto mais precocemente se verificar estimulação, melhor prognóstico de desenvolvimento haverá.
Na prática, o estímulo relaciona-se em seremos responsivos às necessidades emocionais e físicas da criança desde o nascimento. Algumas dicas para estimular o desenvolvimento durante a infância são:
1. Estimular os sentidos: a visão, a audição, o tato, o olfato, o paladar, o vestibular e o propriocetivo;
2. Conversar e interagir com a criança, como permitir a sua interação social;
3. Estimular a coordenação motora, como motricidade fina e grossa;
4. Incentivar às habilidades cognitivas;
5. Ter uma alimentação saudável.
Alguns exemplos de atividades a pôr em prática são eles:
• Colocar a criança em contacto com diferentes materiais e texturas;
• Brincar. Utilizar jogos (construções, encaixes) e brinquedos que remetam ao faz de conta;
• Massagens e brincadeiras com o corpo, relaxamento;
• Utilização de livros sonoros, com texturas, imagens, cores;
• Instrumentos musicais;
• Brincar e explorar o parque (o escorrega, baloiço, trampolim);
• Experimentar alimentos (duros, moles, doces, salgados, ácidos).
Lembre-se que é importante conversar e brincar com a criança enquanto experimenta e descobre o mundo repleto de sensações.
// Artigo escrito por Sara Carvalhais (Psicóloga)
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