Hoje, venho-vos falar um bocadinho sobre a importância da partilha emocional para a família e para o desenvolvimento das crianças.
O nosso dia é preenchido com emoções, que são fundamentais para a nossa vida, mas algumas das quais são difíceis de gerir. Reconhecê-las é importante e partilhá-las pode ser difícil, mas reconfortante.
Porque é que tantas vezes dizemos: o meu filho não partilha nada comigo! Gostava que ele se expressasse mais, que falasse mais comigo. Porque a partilha significa envolvimento, e enquanto pais queremos estar envolvidos e presentes na vida dos nossos filhos.
Mas e nós, enquanto pais partilhamos algumas das nossas emoções com os nossos filhos, ou mais frequentemente as ocultamos? Por receio das reações; por sentido de proteção; por acharmos que não vale a pena a partilha; que é irrelevante fazê-lo. Quantas vezes fazemos isto?
A verdade, é que a família assume um papel primordial no desenvolvimento das crianças.
Os pais são muitas vezes a moldura pela qual a criança se desenvolve. E devem ser o motor que as auxilia no desenvolvimento das suas competências emocionais.
Com a rotina diária e as tarefas pendentes, os dias passam e nem sempre é fácil ter momentos em família, mas vamos experimentar uma pequena atividade?
Reservem um momento do vosso dia. Pode ser, por exemplo, ao jantar. Partilhem à vez, cada elemento da família, uma coisa positiva e negativa do vosso dia. O que aconteceu? Como se sentiram? O que tiveram vontade de fazer? Este exercício simples permite que todos ganhem uma maior consciência emocional e aumenta a proximidade afetiva entre os elementos da família.
Ao partilhar as emoções do nosso dia, principalmente as mais desagradáveis e que, por norma, são mais difíceis de exteriorizar, permitimos que o outro faça parte do nosso dia. Permite às crianças perceberem que também os pais têm emoções desagradáveis que nem sempre são fáceis de gerir. Permite que a criança se sinta compreendida, auxiliando no processo de desenvolvimento da inteligência emocional que será fundamental em vários contextos da sua vida.
Nesse sentido, pode ser também importante verbalizar aspetos como: vejo que te estás a sentir triste... imagino que te tenhas sentido chateado quando isso aconteceu… ajudando assim os mais pequenos a dar nome às suas emoções.
Esta partilha mútua permitirá fortalecer as relações afetivas na família, alargar o sentido de rede de suporte promovendo a validação emocional.
Assim, na mesma medida em que importa reconhecer o direito à privacidade, importa compreender a importância da partilha emocional para o desenvolvimento.
Se queremos que os nossos filhos partilhem connosco, porque é que não partilhamos todos um bocadinho mais?
// Artigo escrito pela Dra. Ana Clara Lopes
Comentários