A pandemia COVID-19 trouxe consigo a necessidade em cumprirmos medidas de proteção, o isolamento social, algum desconhecimento sobre o vírus e sobre as consequências que este pode trazer para o nosso futuro.
Desta forma, é esperado que nos sintamos ansiosos, preocupados e com medo, sobretudo com a sensação de não controlar a situação. Estes sentimentos, além de desconfortáveis, têm um propósito, que é proteger-nos, já que ficamos mais alerta e, por sua vez, mais vigilantes. Sentir ansiedade ajuda-nos a adotar comportamentos essenciais para manter a nossa saúde e a nossa segurança. Como tal, é importante aceitar a ansiedade como parte do que estamos a viver, tendo em conta que será o sentimento expectável nesta situação.
A ansiedade manifesta-se das mais variadas formas, em cada um de nós. Será, por isso, importante conhecermos a nossa ansiedade e a forma como ela se manifesta, tanto a nível físico, psicológico e relacional.
A ansiedade tem efeitos no nosso corpo, tanto a nível físico como psicológico, portanto importa identificar o que sentimos. Algumas sensações que podemos experienciar passam por tensão muscular, aperto no peito, batimento cardíaco mais acelerado, dor de cabeça, náusea ou vómitos, vontade de ir à casa de banho, perda (ou aumento) de apetite ou dificuldades em dormir. Do ponto de vista psicológico, a ansiedade tem influência na forma como pensamos, já que nos tornamos mais nervosos, receosos, irritáveis e com a concentração comprometida; surgem pensamentos repetitivos e negativos relacionados com os nossos medos e que nos impedem de relaxar, associados a um sofrimento, muitas vezes, antecipado e infundado.
A ansiedade em contexto de pandemia tem, igualmente, influência na forma como nos relacionados com os demais, já que podemos evitar a comunicação com as pessoas que nos são próximas (amigos ou familiares), e discutir mais com aqueles mais próximos, com quem partilhamos o espaço físico. Importa, por isso, perceber e identificar o que se alterou no nosso comportamento e a forma como nos relacionamos com os outros, quando nos sentimos ansiosos.
Assim, importa traçar algumas estratégias que nos ajudem a lidar com esta situação, sendo algumas destas:
. Faça uma pirâmide, da base até ao topo e em grau crescente, onde inclua os receios e preocupações, identificar as situações ansiosas e o grau de ansiedade com que as vivencia;
. Foque-se numa atividade a realizar no momento, como fazer exercício, jogar um jogo, ler um livro, ver uma série/filme, prepare uma refeição;
. Tente identificar os pensamentos que incomodam e questione se é provável que isso aconteça ou não, adotando um pensamento mais realista e positiva;
. Invista o seu esforço no que pode controlar, perceba quais ações estão dentro das suas possibilidade de ação e o que pode fazer, como exemplos, lavar as mãos com frequência, manter a distância social;
. Utilize apenas fontes oficiais de informação para se manter informado e atualizado, embora com pouca frequência (duas vezes por dia);
. Partilhe com amigos e familiares o que está a sentir e como está a viver esta situação;
. Pense que outras situações difíceis conseguiu ultrapassar e confie nas suas capacidades para lidar com esta situação também;
. Crie uma lista com atividades que gosta e lhe dão prazer em fazer, dedicando-se todos os dias, por um período do seu dia, a elas;
. No final de cada dia, reflita sobre os aspetos positivos do seu dia e faça uma lista de planos para concretizar no dia seguinte;
. Escolha um lugar da casa que lhe transmita tranquilidade e onde se sinta confortável, para que posso ter o seu momento diário de relaxamento (pode utilizar técnicas de relaxamento, pintar mandalas, fazer um desenho ouvir música);
. Encare esta experiência como uma oportunidade de crescimento, pense como se sentirá quando tudo terminar, na capacidade de adaptação e resiliência que manteve e nas competências que desenvolveu.
Numa situação de confinamento/isolamento é normal e comum sentir ansiedade. A ansiedade provoca, em nós, sentimentos de inquietação que se podem tornar excessivos e persistentes, acompanhados de um desgaste emocional que nos impede de realizar as nossas atividades de vida diária de forma equilibrada.
Caso sinta que esta situação está a impedir o seu funcionamento normal, procure ajuda de um Psicólogo! O Centro Clínico ADCA está aqui por si e pela sua família.
// Artigo escrito por Filipa Silva, Psicóloga do Centro Clínico ADCA
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