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Autocompaixão e Parentalidade


Como seres humanos que são, todos os pais têm os seus momentos altos e baixos, com momentos de orgulho pela forma como se relacionam com os filhos e os ajudam a crescer, e momentos de embaraço, desânimo e confusão em relação à forma como educam. A autocompaixão surge neste sentido como uma ferramenta emocional importante para lidar com as exigências e desafios da parentalidade.


Quando falamos em autocompaixão, falamos na capacidade de desenvolver e manter uma relação saudável com nós próprios. Essa relação pressupõe que somos capazes de sentir empatia pelas nossas dificuldades ou preocupações, motivando-nos com amabilidade ao invés de nos julgarmos ou criticarmos.


Pense no seu melhor amigo ou numa pessoa que lhe é querida, ao observar que essa pessoa está a confrontar-se com um momento de vida mais desafiante o que lhe diria? Pois bem, a autocompaixão é a capacidade de tratar-se a si mesmo com a mesma gentileza, preocupação e apoio que teria com alguém querido.


Quando vemos alguém de quem gostamos a confrontar-se com momentos difíceis na vida ou a enfrentar determinados desafios pessoais, falhas e inadequações, respondemos com amabilidade e não com julgamento severo, reconhecendo que a imperfeição e o erro fazem parte de toda a experiência humana.



O que é então preciso para termos mais autocompaixão?

  • Experimente olhar para a sua autocrítica como uma crítica dirigida a um amigo. Se as palavras são muito duras para alguém que lhe é querido, então provavelmente também o são para si. De uma forma geral, tendemos a aceitar melhor as falhas dos outros do que as nossas próprias. Seja gentil consigo!


  • Conheça as suas dificuldades e aceite-as, empatizando com o seu próprio sofrimento. Mais do que se obrigar a fazer diferente no dia seguinte ou culpabilizar-se porque é sempre a mesma coisa, vale a pena entender o que está na base das suas dificuldades. Só conseguimos regular aquilo que conhecemos e as emoções sinalizam sempre necessidades.


  • Esteja atento à forma como fala consigo próprio. Estamos tão habituados a ouvir-nos que, sem querer, nem nos ouvimos. Mas a verdade é que o que vamos dizendo a nós próprios vai tendo impacto na forma como nos sentimos. Coloque-se na posição de observador em relação a si mesmo e esteja atento àquilo que diz: Que rádio toca habitualmente na sua cabeça?


  • Lembre-se que um gesto físico para consigo mesmo também faz diferença. É bom receber abraços dos outros, mas também o é conseguirmos dar esse abraço a nós mesmos. Os gestos físicos calorosos para connosco têm um efeito imediatamente relaxante sobre o nosso corpo, pois ativam o sistema parassimpático (parte do sistema nervoso responsável por nos acalmar). Então, abrace-se a si mesmo.


  • Substitua as frases críticas por frases compassivas. Crie uma espécie de “modo alerta”, em que cada vez que repara numa frase mais crítica para consigo, a substitui por uma frase mais cuidadosa e atenciosa. Ajuda se tiver algumas “frases de bolso”, como: “O sofrimento faz parte da vida!”, “Estou a dar o meu melhor!”, “Não existem pais perfeitos”, “É natural estares cansado, já exigiste muito de ti hoje!”. Encontre as frases que melhor encaixam consigo.


Lembre-se que que a parentalidade, requer infinitas tentativas e erros. Se fosse por exemplo um GPS, estaria frequentemente a recalcular o melhor percurso.


Sem autocompaixão, em momentos mais desafiantes, a vergonha e a culpa, a autocrítica e o sentimento de fracasso encontrariam terreno para se instalar impedindo-o de descobrir caminhos alternativos!



// Artigo escrito por Sílvia Oliveira, Psicóloga no Centro Clínico ADCA

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