top of page
Writer's pictureCentro Clínico ADCA

Como estabelecer limites às crianças ?


Sabemos que, todas as crianças colocam à prova as regras e as ordens impostas pelos pais, particularmente se, no passado, eles não as aplicaram consistentemente.


É um comportamento normal, uma expressão saudável da necessidade de independência e autonomia. Quando essas formas de protesto acontecem, não as interprete como um ataque pessoal. Os seus filhos estão apenas a testar as suas regras para ver se é consistente na sua aplicação.


Procure encarar os protestos dos seus filhos como experiências de aprendizagem, formas através das quais eles podem explorar os limites do seu meio e aprender a diferença entre os comportamentos apropriados e os inadequados.


Estabelecer limites às crianças, constitui-se por vezes num verdadeiro desafio para os pais, sendo neste sentido importante, falarmos de algumas estratégias para facilitar este processo.



Comecemos pela redução do número de ordens: esteja atento! É habitual que os pais, sem se aperceberem, deem várias ordens em simultâneo aos seus filhos, mas será que eles conseguem cumprir e obedecer a todas elas? Não. Uma criança de 4 anos por exemplo, só consegue cumprir 1 ou 2 ordens de cada vez. Por isso, não é aconselhável dar-lhes muitas ordens. Dificilmente conseguem lembrar-se de tudo o que lhe diz e automaticamente não vão conseguir cumprir tudo o que lhe pedem. Além disso, nunca chegam a receber um número de elogios equivalente ao número de ordens que lhe são dadas.


Avalie, portanto, tanto número quanto o tipo de ordens, reduzindo-as às mais necessárias. Antes de dar uma ordem, avalie se se trata de uma questão realmente importante e se está na disposição de aplicar as consequências em caso de desobediência. Um exercício que pode ser útil é escrever num papel as regras consideradas importantes na sua família e estabelecer 5 ou 10 regras inquebráveis.




Dar ordens realistas é outro aspeto a ter em conta. Por vezes os pais dão ordens irrealistas ou puco apropriadas à idade dos filhos. Quando dá uma ordem deve ter a convicção que os seus filhos são capazes de a executar com êxito. Não crie uma situação que só pode resultar em fracasso para eles e frustração para si. No caso do seu filho ser distraídos, hiperativo e impulsivo, é particularmente importante que as suas ordens sejam realistas.


Não é de esperar que uma criança como esta seja capaz de estar sentada durante longos períodos ao jantar, por exemplo, 10 ou 15 minutos sentados a mesa constitui uma expetativa mais realista.




Esforce-se por dar ordens na positiva evitando frases com conotação negativa como por exemplo “Não faças isso!”; “Para de gritar!”; “cala-te!”. Já chega!”. Este tipo de ordens não só criticam a criança, como também destacam o comportamento errado em vez de dizer a criança qual é o comportamento alternativo correto. Procure dar ordens positivas, realçando o comportamento que deseja ver na criança. Em vez de dizer por exemplo “para de gritar”, diga antes, “fala mais baixo”. A ideia é pensar primeiro no comportamento alternativo desejável e depois formular a ordem sublinhado esse comportamento positivo.




Um outro tipo de ordem indefinida e confusa é aquela que começa frases pela palavra “Vamos…” “Vamos arrumar os brinquedos?”, “Vamos tomar banho” Se não tem intenção de ajudar a arrumar, de ir tomar banho ou de ir dormir com eles é provável que eles não façam o que lhes foi sugerido.


Como está a incluir-se na ordem que deu, as crianças interpretam, com razão, que a atividade que lhes é pedida é para fazer em conjunto. Mas como os pais não tinham a intenção de se incluir na realização desta tarefa, poderão zangar-se com eles por não terem obedecido a uma ordem pouco clara.




Avise previamente que vai chegar o momento de cumprir a ordem, dar ordens de repente e de forma brusca, sem qualquer aviso, pode criar uma situação de desobediência. Sempre que possível avise que a hora de fazer algo está a aproximar-se e, portanto, a ordem que der vai ter de ser cumprida. Desta forma, as crianças começam a preparar-se para o fim da atividade e também a desenvolver as noções de tempo.


Como as crianças até aos 3 anos ainda não têm capacidade de compreender as noções de tempo pode utilizar-se uma ampulheta para lhes começar a dar noção do tempo. É também importante ter presente que as criançasnão são tão rápidas quanto os adultos a realizar as tarefas que lhes pedem, por isso, dê-lhes tempo para cumprirem as ordens.




Sempre que possível dê ordens “quando… então” pois estas permitem informar antecipadamente as crianças sobre as consequências exatas das suas ações: “quando arrumares o teu quarto, então podes brincar”. Primeiro observa-se o comportamento desejado e só depois se proporciona a consequência positiva. Este tipo de ordem dá ao seu filho a possibilidade de obedecer ou não, cientes das consequências da sua escolha. Opte por este género de ordem apenas nos casos em que pode dar as crianças essa opção.


Por último importa referir que o cumprir ou não cumprir as ordens deve ter consequências.


Elogie o cumprimento da ordem ou implemente as consequências para o incumprimento.


Compreendemos assim, que estabelecer ordens e limites implica, como em tudo, encontrar um equilíbrio entre as escolhas da criança e as regras do adulto. Em certas situações as ordens parentais devem ser absolutas, noutro tipo de situações é possível resolver os problemas em conjunto com o seu filho recorrendo a estratégias de “negociação” e envolvendo-os na resolução de problemas.


Embora se trate de um processo lento que só se efetiva quando eles chegam a adolescência, introduzir a negociação e a discussão com crianças de 4 5 anos de idade pode ser um excelente treino inicial.



// Artigo escrito pela Dra. Sílvia Oliveira, Psicóloga no Centro Clínico ADCA

31 views0 comments

コメント


bottom of page