Vale a pena refletir!
“Será que a sua família vive em equipa? Ou apenas dentro da mesma casa?”
A tarefa de criar uma família, distinguir os papéis de cada um e de saber para o que cada um está ou não preparado, exige compromisso, tempo, disponibilidade e consciência. Necessita que sejam feitos balanços, análises do que nos rodeia em casa e de quem fomos no passado e estamos a ser no presente.
Família não é uma linha reta, não é um só estado, e também não o deve ser. A família, composta por elementos em constante transformação e expostos a diversos estímulos, desafios e problemáticas, não poderá nunca ser linear, isto é, não deverá estar sempre estável. Isso não seria sinónimo de saúde familiar.
A família, enquanto sistema, influencia-se a si mesma e aos seus elementos e estes ao todo familiar, pelo que discórdia, conflito e crises são marcadores evolutivos da família. A saúde familiar e de cada um dos seus elementos está na forma como lidam com esses momentos de crise, com as fases de cada elemento e da própria família. Esta capacidade regenerativa familiar poderá ser potenciada pela interação com outros sistemas ou com o sistema familiar mais alargado. Contar com elementos da família mais alargada, ou mesmo fora dela, poderá ser um trunfo para o equilíbrio do sistema familiar, ao qual podemos chamar nuclear.
Alguém com uma visão mais distante e objetiva, alguém que pode dar um apoio para que se fortaleçam laços que estão mais negligenciados em certas fases, como é a relação conjugal ou a relação de pai/mãe com um filho mais velho, após o nascimento de um irmão.
Não esquecer, nesta reflexão sobre famílias, que estamos a falar disso mesmo: de famílias. Estudos demonstram que não há uma tipologia, um número de elementos ou uma constituição de família específica que conduza a elementos mais saudáveis e, concretamente, a crianças com maior sucesso ou maiores índices de bem-estar.
Não há um número de filhos melhor, não há um número de elementos ideal, nem idades específicas, nem sequer um género melhor dos elementos do casal parental.
Acima de tudo, independentemente do tipo, do formato, das condições, da quantidade e do género, a família, enquanto equipa e fonte de saúde mental na infância, é um porto seguro e protetor.
A FAMÍLIA DEVE:
• Dar segurança e proteção;
• Acompanhar;
• Viver em equipa;
• Respeitar o espaço e a individualidade de cada elemento;
• Ter regras;
• Ter fases de crise;
• Ser constituída por elementos que se conhecem e preocupam realmente uns aos
outros ou que procuram fazê-lo.
A FAMÍLIA NÃO DEVE:
• Estar sempre linear, sem discórdia nem diferentes estados ou fases;
• Permanecer sempre igual;
• Fazer tudo em conjunto;
• Deixar assuntos por resolver entre os seus elementos;
• Mudar constantemente, de modo voluntário, sem atenção e respeito pelo tempo de adaptação dos seus elementos, especialmente o das crianças;
• Viver sem papéis e barreiras físicas ou lugares definidos (por exemplo, com inversão de papéis entre crianças e pais, quartos e camas não definidos, etc..)
7 DICAS PARA OBTER HARMONIA FAMILIAR
1. O TEMPO DE CADA UM
Cada elemento da família deve ter um tempo só para si, para fazer o que mais lhe apetecer, que poderá até passar por não fazer nada, sem a intromissão dos restantes elementos ou de outras tarefas ou atividades. A satisfação e a gestão do stress de cada um e de todos passa por cada um se sentir bem consigo e poder estar livre, a ocupar-se como mais quer. Algo extensível do elemento mais novo da família ao mais velho.
Quanto aos filhos, é especialmente importante perceber se, dentro das suas tarefas e atividades, existe um tempo livre, sem qualquer imposição do que fazer, só para cada um deles.
2. O TEMPO EM FAMÍLIA
Nem sempre é possível, todos os dias sem exceção, a família passar tempo junta, mas o mais importante é que o tempo em família seja de qualidade e não associado a obrigações/tarefas (trabalhos de casa, cozinhar, refeições, etc.), sem telemóveis por perto e computadores pelo meio. É fundamental que seja entre todos, em conjunto e em díades (casal, filho com mãe, pai com pai……).
3. O TEMPO EM CASAL
Uma vez por mês, fazer um jantar especial do casal ou mais espaçado, um fim-desemana fora, sem as crianças, dormirem até mais tarde, sem as crianças; Ir a um sítio onde foram felizes e se sentam bem.
4. DIVISÃO E GESTÃO DAS TAREFAS
Dividir as tarefas semanais pelos elementos da família, do mais novo ao mais velho, e construir uma tabela em que se vai afixando as responsabilidades de cada um e do seu cumprimento.
5. ESTABELECER HORÁRIOS PARA AS TAREFAS
É essencial criar rotinas para reduzir o stress nas crianças e, consequentemente, na vida familiar. Estabeleçam um horário para a realização dos trabalhos de casa, tomar banho, fazer as refeições e ir dormir. As regras e os limites dão segurança às crianças e permitem, também, ganhar tempo para poderem brincar e estar em família.
6. REUNIÃO FAMILIAR
Definam um dia do mês para, juntos, poderem analisar e conversar sobre os pontos fortes e fracos, elogiarem-se bem como encontrar soluções.
7. DESPORTO e ATIVIDADES
Em família, poderão ir até à praia ou ao campo, correr, passeios em bicicleta ou então jogar à bola. A prática de atividade física é uma excelente estratégia de redução do stress.
¨ E não se esqueçam que, depois de um dia mau, deverá haver sempre a família!
// Artigo escrito por Sara Carvalhais (Psicóloga)
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